A união e a morte de corajosas mulheres, operárias, em 08 de março de 1857, numa fábrica em Nova Iorque, deu força ao grito pela igualdade de gênero, que, mais tarde, “acordou” o mundo para o reconhecimento da luta, que decidiu marcar este dia como o “Dia Internacional da Mulher”.
A data não foi apenas para comemorar, mas, sobretudo, para conscientizar todas as nações da importância da igualdade de direitos.
Na maioria dos países, realizam-se conferências e debates para se discutir o papel da mulher na sociedade atual. A idéia é tentar diminuir e, num pensamento otimista, terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher, que, apesar de todos os avanços, em muitos países, ainda sofre em face do machismo que a submete aos maus tratos, e à condição de objeto, numa prática comum, cultural, religiosa e, pior, não punida.
A ONU (Organização das Nações Unidas) tem desempenhado papel fundamental na luta pela igualdade de gênero, pelo fortalecimento e valorização da mulher no mundo inteiro, com êxito em diversos países, a exemplo da África do Sul, onde a participação das mulheres na sociedade tem contribuído para o progresso econômico e político.
O trabalho da ONU, entretanto, para difundir cada vez mais, de forma célere e eficaz, a evolução dos direitos das mulheres em todos os países, rumo ao reconhecimento da igualdade de gênero, ganha mais forças quando conta com a união e a consciência de políticos, governantes, dos movimentos sociais como um todo e de cada um de nós.
É passada a hora de se efetivar a Ordem Humanitária; de “aumentar o som da voz” que brada que a “dignidade não tem sexo” e que o direito à vida, sem dignidade, não é direito, mas uma mera prerrogativa capenga e uma falácia política.
É hora de “acabar com o harém e o véu” da sociedade muçulmana; de libertar a mulher da Índia Rural e Tradicional; de dar “forma e rosto” para as burcas que espantam o Ocidente.
Não se pode mais admitir a castração física, moral, profissional e emocional da mulher; a decepação dos dedos de unhas pintadas, e das almas presas no vazio escuro dos Direitos Humanos.
O espancamento e a execução que ainda acontecem em várias partes do mundo, tornam-se mais graves, quando alcançam uma proporção difícil de ser combatida com leis e tratados; quando a cultura arraigada no seio destas nações ainda parece longe de ser alcançada e modificada por discursos de paz.
Contrastes da figura da mulher se espalham de toda forma, pelos “quatro cantos do mundo”. Da “Mulher de Hollywood” e da “Mulher da novela brasileira”, até a “Mulher dos preceitos do Alcorão” e da “Mulher tratada como lixo no Iraque”; da “Mulher livre de Copacabana” e “a Mulher rainha dos sambódromos” até àquela “Mulher escrava no Nepal”.
Acontece que o Mundo não é quadrado. Esses cantos devem se fundir num conjunto harmonioso dos Direitos Humanos, circunscrevendo a Mulher como gente que é; como pessoa humana, igual; sujeita de direitos e não vítima; a mulher mãe, esposa, profissional, cidadã! A mulher guerreira, política, transformadora; a mulher que não foge à luta, que tem braços fortes e coração latente; a mulher que gera e gira, e faz acontecer; a mulher que orienta, que educa, que desenvolve, que sabe entender o alcance da frase da poeta (Clarice Lispector): “o destino de uma mulher é ser mulher”.
A solução pode ser encontrada a partir da união das leis, do princípio da igualdade, da cultura da liberdade, da religião consciente, da política direcionada e, principalmente, das vontades de todas as nações e dos Poderes Públicos. É esta ação global que irá transformar os tristes cenários de submissão, violência e captação dos direitos das mulheres, ainda existentes mundo afora, num cenário de paz entre homens e mulheres, num cenário onde o espetáculo é a igualdade de gêneros, de direitos.
O dia 8 de março precisa ser lembrado com mais flores e menos espinhos, mais consciência e menos utopia; mais ação e menos teoria.
Que o mundo se inspire na “Mulher amada e valorizada”, de Vinícius de Moraes e se esqueça da Amélia, de Mário Lago, porque, a “mulher de verdade” é a mulher quetem direito de viver como o homem, como ser humano que é, de viver com dignidade, em qualquer lugar, em qualquer país.
José Zuquim Nogueira, Desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
Fonte: http://www.odocumento.com.br/artigo.php?id=4295
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